Sustentabilidade, Divagações

Mulheres, nutrição, cozinha.

 

Houve um tempo em que o papel da mulher era claramente nutrir.

Desde as crianças que nasciam, às famílias e à própria terra, cultivando e semeando e cozinhando.

Mulheres sempre foram a força agrícola e estiveram à frente da nutrição do mundo, no seu sentido mais amplo.

Não é à toa que a própria Vandana Shiva, grande figura do ecofeminismo, afirma que são as mulheres é que alimentam o mundo.

Houve esse tempo, um tempo em que o papel da mulher era claramente nutrir a terra e os filhos da terra.

E me pergunto o motivo de muitas de nós termos hoje negado esse dom.

Muitas de nós não cozinham, e maioria come apenas para emagrecer ou ganhar músculos.

Saúde virou uma referência estética que transita entre o machismo e o feminismo burro.

Somos magras como crianças ou musculosas como homens, numa negação eterna do macio e do tenro e do doce e do morno.

Muitas de nós não alimentam mais seus filhos, muitas de nós nem sequer temos mais filhos – nos contentando com cachorros, gatos, a última bolsa da moda ou uma carreira de sucesso.

Há espaço para tudo nessa na vida, entendam. Ser isso ou aquilo, fazer isso ou aquilo, gostar disso ou daquilo não te faz mais ou menos mulher. Podemos ser o quiser, desde que estejamos livres dentro de nossas próprias vontades e convicções.

Mas eu me pergunto: quantas de nós somos realmente livres dentro de nossos corpos, mentes e vidas?

Será que precisamos mesmo negar o feminino ( se é que sabemos o que de fato isso significa ) para requerer direitos perante uma sociedade majoritariamente machista?

Feminino não é ter nascido mulher, e lugar de mulher é na cozinha. Lugar de homem é na cozinha. Lugar de criança é na cozinha.

O poder de decidir sobre como nos alimentamos nos faz mais autônomos e menos suscetíveis às manobras de massa da agroindústria e da indústria da doença.

Somos o que comemos, e comemos o que plantamos, metafórica e literalmente.

Especialmente nós, mulheres, nós que alimentamos o mundo, que geramos, que criamos, que somos nós mesmas a mãe terra e a mãe natureza, não podemos mais confundir ganho de espaço com perda de identidade.

30/6/2021
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