Vinhos

Hidromel é coisa de nórdico?

“Com mel pode-se também preparar licor, sem levá-lo ao fogo; apenas misturando-o com água da fonte e deixando-o ao relento”. Memorável Viagem Marítima & Terrestre ao Brasil, 1682, Joan Nieuhof. 

O mel é uma das primeiras fontes de açúcar que a gente conhece no mundo, e o hidromel, provavelmente, é a bebida alcoólica mais antiga que se tem notícia. Quem não fala hidromel e lembra da figura de um vicking ou de um deus da mitologia nórdica, que jogue a primeira pedra. O hidromel é conhecido por ser, poética e mitologicamente, uma bebida capaz de aproximar o homem dos próprios deuses, e é, sim,  indiscutivelmente associado, no mundo inteiro, à mitologia e aos povos Nórdicos. 

Pois bem. Deve ter sido num dia de maré mansa, numa uma época muito anterior à  essa nossa, que alguns vikings – ou até mesmo os próprios deuses nórdicos “em pessoa” – chegaram por aqui na costa brasileira para trocar umas receitas com os nativos. 

Como assim, Lis? Bebeu o que essa hora da manha? Deuses nórdicos desembarcando no Brasil? Pois é. Deve ter sido alguma coisa do gênero, pois até hoje, começando pela cabeceira meridional do rio Amazonas, passando pelo sudeste e chegando até o Sul do Brasil, agente ainda encontra um monte de etnias indígenas que tem o hidromel como bebida alcoólica tradicional. 

Os índios da etnia Tupi-guarani e do tronco linguistico Gê, por exemplo, são ávidos fermentadores de mel. Os índios Xucuru, por sua vez, fermentam o mel coletado de abelhas nativas das espécies mandaçaia e a uruçu com um macerado das cascas de uma árvore chamada “Cabraíba”, de elanoram um hidromel dito como “fortificante da alma e do organismo”. Diversas tribos distribuídas por toda América Latina maceravam – e ainda maceram – folhas de tabaco & mel para o preparo de uma bebida alcoólica utilizada em rituais sagrados.

Perai. Hidromel abaixo da linha do equador? É. 

Onde há mel, fermenta-se mel – uma máxima lógica e simples que pode ser aplicada a qualquer ingrediente local e abundante por aí nesse mundão afora. Onde havia abundância de uvas, fermentava-se uvas. Onde havia abundância de grãos, fermentava-se grãos. Essa lógica dá pra gente, inclusive, de maneira bastante clara, uma boa noção de como surgiram as bebidas alcoólicas fermentadas no início dos tempos, e que deram origem, mais tarde, às bebidas alcoólicas modernas como a gente as conhece hoje: as cervejas, os vinhos, os hidroméis, as cidras, entre muitos outros. 

É justamente dessa obviedade na utilização dos recursos naturais disponíveis e abundantes que se fundamentou o nascimento de praticamente todas as bebidas alcoólicas primitivas. Não é por acaso que o vinho de uva nasceu na região da Geórgia : por ali a fruta é abundante, autóctone, vigorosa, adaptada, além de naturalmente repleta de açúcar e leveduras – duas características essenciais pro o sucesso de uma boa bebida fermentada.

1/9/2021
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