Divagações

FreeRange doc. : O vinho, história.

( esse é um trecho do nosso documentário #freerangedoc , que estreou agora em Novembro. Para assistir na íntegra é só acessar AQUI. FreeRange doc. é um filme de @liscereja e @fabioknoll tradução e narrações @gchastang )

Abril de 1500. Os invasores portugueses chegaram na costa brasileira com dez naus, três caravelas e uma tripulação de 1500 homens. Junto com eles, cabras, vacas, sífilis, gripe, baratas, sementes de uva e alguns barris de vinho alentejano. 

A população nativa do país, naquela época em que o Brasil ainda não era chamado de Brasil, era de cerca de oito milhões de pessoas, divididas entre mais de 1000 tribos de diferentes etnias. Índios Tupiniquim, Potiguar, Tamoio, Carijó, Charrua, Guarani.

Não é de se espantar que os nativos tenham recusado a primeira oferta de vinho feita pelos europeus. Eles tinham suas próprias tradições de bebidas fermentadas, e preferiam o caium ao vinho. Chamado pelos portugueses de “vinho dos índios”, o caium é uma bebida fermentada feita à partir de mandioca.

Foi no litoral de São Paulo, por volta de 1535 foram plantadas as primeiras videiras, por Brás Cubas. Não vingaram. Brás Cubas então subiu a serra e fez outra tentativa no planalto do Piratininga, a 750m acima do nível do mar, onde hoje é a região leste da cidade de São Paulo, no bairro do Tatuapé. Esse foi provavelmente o primeiro vinhedo realmente produtivo da história do vinho brasileiro – embora atualmente por ali não existam mais videiras. 

Videiras não são nativas em nosso território, e até hoje não se tem notícia de espécies autóctones sul americanas. 

É fácil entender o estranhamento dessas plantas se imaginarmos o estranhamento dos próprios homens que as trouxeram para cá, chegando, após viajar 42 dias pelo atlântico, em terras quentes, úmidas, com uma microbiota vibrante e completamente desconhecida.

Mas as videiras adaptam-se tanto – ou mais – à terras estrangeiras quanto os próprios homens, e aqui não foi diferente. Até porque sem vinho de uva não havia missa, e os vinhedos eram imprescindíveis nas missões cristãs do novo mundo, que tentavam à todo custo convencer os nativos nus de que a poligamia, o nomadismo e o canibalismo não eram costumes civilizados.

Em 1626, o padre jesuíta Roque Gonzales de Santa Cruz, espanhol, junto com os índios guaranis, plantou os primeiros vinhedos e vinificou os primeiros vinhos no que seria, séculos mais tarde, uma das principais regiões vitivinícolas do país, o Rio Grande do Sul.

10/12/2020
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