Café de Inhame
Café é uma infusão de grãos torrados e moídos, grosso modo. Nas andanças por aí, a gente vê que existem muitas bebidas feitas de infusão de grãos torrados, seja por tradição local ou apenas por necessidade de um substituto para o café – principalmente em regiões que não são produtoras ou passaram por períodos de difícil acesso à essa bebida.
Exemplos? Café de trigo e café de figo tostado, que existem em muitos países sul-americanos, e o próprio café de cevada lá da Itália, o Caffè d’orzo. Pela Europa e depois pelas Américas rolou até café de chicória. Chicória? Pois é, Chicória. Desde o século 18 tem gente que tosta e infusiona chicória. Provavelmente começou como medicina ( reumatismo, fígado ) e depois ganhou as xícaras como bebida, complemento alimentar e parceiro do próprio café, numa misturinha de chicória e café passados. O sabor amargo da planta lembra muito o cafézinho, e em épocas de crise, guerras e recessões, a criatividade nos substitutos do café correu solta. Até café de beterraba tostada apareceu, em New Orleans, outro grande consumidor de café de chicória, depois da França no século 19 e das colônias francesas da América Central.
Bom, pra gente aqui que não tem lá muita experiência no quesito “falta de café”, tudo isso pode parecer bem engraçado. Mas pasmem. Aqui no Brasil também tem café de trigo, também tem café de cevada e…. temos o brasileiríssimo café de inhame, herança dos tropeiros do sul do país. Até festa do café de inhame existe, lá em São Nicolau, RS. Também chamado de café de Cambona, é feito com inhame rosa torrado, moído e passado, ou decantado.
Tem esse nome por conta do recipiente que é preparado, um caneco que vai direto no fogo e que tem um dos lado achatado, para facilitar o transporte no lombo dos animais. Acredita-se que surgiu também como substituto do café, em viagens longas. Taí. Óbvio que chegando em Sampa vou torrar uns inhames lá da horta e coar pra ver como fica ……
