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ROTEIRO “BIO- OFF- ROAD” DE PARIS: BISTRÔS IMPERDÍVEIS!!!

Ninguém contesta que o vinho faz bem à saúde. Mas alguém já parou para pensar que, muito além de uvas fermentadas, alguns vinhos estão repletos de substâncias como conservantes, agrotóxicos, etc., como qualquer outro alimento cultivado pela agricultura moderna? Então, refaço a pergunta: o vinho faz realmente bem à saúde? Qual vinho faz bem à saúde?
Pensando nisso, fizemos um roteiro “off road” ( ou seria off-modinha?? ) de bistrôs em Paris que se preocupam bastante com essa questão, e servem apenas vinhos de produtores minúsculos, bio ou naturais. Além de serem lugares pitorescos, cheios de pessoas interessantes, donos cultos e talentosos, são templos da gastronomia de bistrô francesa. Receitas tradicionais, receitas criativas, muita informalidade e aquele ar blasé irresistível que todo francês tem. Mas primeiramente, expliquemos:
Em vários países, vemos surgir ondas e modas de alimentos orgânicos, naturais e biológicos. Sem entrar a fundo nessas denominações nem nas questões que envolvem a regulamentação, podemos simplesmente pensar da seguinte maneira: um alimento que não leva (ou que leva em pouquíssima quantidade) adição de pesticidas, agrotóxicos ou qualquer tipo de substância do gênero, será, no mínimo, mais saudável para nosso organismo do que um outro que tenha sido cultivado com uma boa carga de “veneno”, por assim dizer. É de conhecimento geral que substâncias como essas podem acarretar danos ao nosso organismo, em maior ou menor escala.
Os vinhos organicos sao vinhos elaborados a partir de intervencoes no vinhedo e no vinho a partir de substancias com o certificado organico. Permite-se a utilização de conservante S02 de maneira regrada.
Os vinhos biodinâmicos, por sua vez, são todos os vinhos elaborados a partir das práticas biodinâmicas, e estão sendo cada vez mais produzidos no mundo todo. Grandes viticultores e enólogos adotaram essa prática ao longo dos anos. O biodinamismo tem origem nas teorias antroposóficas de Rudolf Steiner (1861-1925), fundador da antroposofia. Além de uma teoria ou prática, o biodinamismo é também um estilo de vida da maioria dos viticultores que o seguem. As primeiras manifestações do biodinamismo surgiram na primeira metade do século XX, na Europa, onde até hoje há o maior número de adeptos, embora essa prática tenha seguidores fiéis por todo o mundo. Um dos grandes viticultores e defensores atuais das teorias biodinâmicas é Nicolas Joly, da França. Vale a pena conferir as suas obras publicadas sobre o tema.
Não podemos negar que os métodos empregados na biodinâmica podem ser peculiares, talvez mesmo até questionáveis, mas a essência dessa filosofia é muito consistente: o objetivo é fazer com que os solos onde haja qualquer tipo de plantio ganhem vida, ao contrário dos solos, que vemos na agricultura convencional, totalmente estéreis devido ao uso e ao abuso de agrotóxicos, aditivos e etc. Para isso é necessário, em primeiro lugar, um cultivo orgânico ou biológico, sem utilização de qualquer aditivo que não seja natural, embora a utilização de SO2, quando necessária, seja permitida. Mas, mais do que tratamentos orgânicos, o biodinamismo leva em conta a polaridade dos seres vivos, o equilíbrio entre as forças materiais da terra e forças energéticas, como a influência do sol, da lua e outros astros na agricultura. Nada mais do que uma tentativa de preservação do equilíbrio natural do ecossistema, da vinha e do próprio ser humano.
O biodinamismo é muitas vezes encarado como uma seita, algo puramente místico e que envolve viticultores loucos com pirâmides de cristais e rituais na lua cheia. Puro exagero.
Os vinhos naturais, por sua vez, podem ser considerados os mais ” radicais”. São vinhos sem nenhuma intervenção de substancias sintéticas, não utilizam filtragem e nem conservantes artificiais. Mas se pensarmos bem, não passam de vinhos que mantém as tradições “pré-agrotóxicos”, ou seja, vinhos que são feitos antes do homem descobrir os pesticidas, conservantes e todo o resto. Vinho como se fazia vinho a 500 anos atrás. E convenhamos…. é necessário um terroir, uma uva, um viticultor e um enólogo muito bons para isso.
É mais ou menos como a maquiagem, comparando os vinhos tradicionais e os que empregam métodos mais naturais, com pouca ou nenhuma intervenção nos processos. É fácil, fácil, deixar uma mulher bonita depois de uma sessão de salão de beleza. Mas e essa mesma mulher depois de sair do banho?
Um amigo viticultor brasileiro fez um dia uma comparação muito interessante. Experimente comprar um pote de iogurte industrial no supermercado e comparar com um iogurte feito em casa. Qual deles é mais saboroso, mais característico e mais autêntico, embora seja mais difícil de fazer? Pois é. Com os vinhos é mesma coisa. Uma planta equilibrada e saudável vai gerar frutas igualmente saudáveis, que, por sua vez, darão origem a bons vinhos. E esse vinho, quando ingerido por nós, vai transmitir o que ele leva consigo: saúde, energia e equilíbrio. Sem misticismo ou bruxaria nenhuma. Até Einstein concordaria com isso.
Com a interferência mínima do homem ou de aditivos sintéticos, esses vinhos acabam por ter maximizadas as suas características ligadas ao terroir, como aromas, sabores e longevidade, sem máscaras ou artifícios que permitam esconder alguma característica ou defeito. Por isso é que muitos viticultores afirmam que esses vinhos levam consigo a expressão máxima do terroir de uma região.
Em tempo: grande parte dos vinhos biodinâmicos, organicos e naturais são excelentes, pela sua qualidade, originalidade de características e equilíbrio, mas existem muitos vinhos convencionais maravilhosos e muitos vinhos bio horríveis, como tudo nesta vida, pois o vinho depende muito da seriedade, do conhecimento e do comprometimento de cada produtor. O biodinamismo e as práticas dos vinhos naturais devem ser encaradas de maneira séria pelos consumidores e também pelos produtores, que não podem se utilizar dessa prática apenas para uma questão de marketing ou moda. Ele deve ser, além de tudo, uma proposta de estilo de vida saudável e equilibrado, voltado para as tradições, raizes, meio ambiente, saúde e autenticidade….
Depois de vários parágrafos, vamos enfim ao nosso roteiro!! Selecionei os melhores da viagem…
– Autour d’Un Verre/ 21, Rue de Trévisse, 01 48 24 43 74.
– Le Baratin / 106, Rue Nollet, 01 42 26 01 02.
– Le Verre Volé 67, Rue de Lancry, 01 48 03 17 34.
– Coinstot Vino / 26 bis Passage des Panoramas in the 2nd, 01.44.82.08.54.
– Le 24 / Rue St André des Arts 75006.
16/7/2010
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