Divagações

Festa junina & solstícios.

Junho, mês de festa junina. Se é que alguém ainda não sabe, as festas juninas foram trazidas pelos portugueses para cá, mas nossos nativos já tinham suas próprias festividades de colheita – inclusive do milho – por aqui nessas datas. Acabou que misturou tudo, festa de santo com festa de milho, caipira com português com índio, e hoje o que temos são as festas que comemoram, na falta de um, três santos no mesmo mês. Santo Antônio, São João e São Pedro. 

Muito das tradições indígenas, caipiras rurais e portuguesas se mesclaram, desde os ingredientes indígenas como milho e amendoim, batata-doce e mandioca, base de vários quitutes juninos, até a quadrilha, derivada das danças de corte européias, e vinho quente ou o quentão, feitos com bebidas alcoólicas desconhecidas pelos nativos até a chegada dos europeus. 

Celtas, nórdicos, egípcios e hebreus, no hemisfério norte, já celebravam esse mês por conta do solstício de verão, com comemorações de colheita e fertilidade. Até o século 10 essas comemorações eram muito correntes, e como a Igreja não conseguia fazer com que as pessoas parassem com esses “cultos pagãos”, resolveu botar uns santos no meio – e partir dali virou tudo festa religiosa. Até a mesmo fogueira, costume antiquíssimo dos rituais de colheita acima e abaixo da linha do Equador, foi incorporada à festa cristã de São João. Mas no fundo a gente sabe que nem só de santo vive o mês de Junho, e é uma data importante para qualquer um que presta atenção nos ritmos da natureza. 

Aqui do lado de baixo do planeta, celebramos o solstício de inverno. Solstício é um evento astronômico, e em latim, “sol sistere”, ou seja, significa “que não se mexe”. É o momento em que o Sol, atinge a maior declinação em latitude a partir da linha do equador. Durante o solstício de verão, o dia é mais longo e marca o início do verão no nosso calendário. Progressivamente os dias vão ficando mais curtos, e as noites, mais longas. Durante o solstício de inverno, a noite é mais longa, marcando o início do inverno ( aliás, o solstício foi ontem ), e seguindo o mesmo raciocínio, os dias vão ficando mais longos e as noites mais curtas. A noite mais longa é no solstício de inverno. O dia mais longo é no solstício de verão.  

O sosltício de inverno marca o retorno da luz, pois a partir dele os dias vão ficando lentamente mais longos. Tem forte ligação com a morte,o  renascimento e confronto com as próprias sombras internas. Se alguém teve sensações estranhas, sentimentos esquisitos que vieram à tona esse final de semana ou sono inquieto, é só nosso corpo respondendo às energias dos ciclos naturais, que pedem mesmo essa revisão das coisas. O inverno é um período de recolhimento para que possamos fertilizar a terra- e nós mesmos – para a próxima estação de plantio, a Primavera. Nos desfazer das folhas velhas, dos galhos secos, deixar para trás tudo o que não faz mais sentido e não nos serve mais. Só renovada e livre é que a terra se fertiliza. Persas, chineses, japoneses, hindus, romanos, gregos, todas as civilizações antigas tem cultos aos eventos astronômicos, em especial aos solstícios, que marcavam as passagens das estações do ano e os ciclos da natureza. Até mesmo o famoso monumento de Stonehenge foi construído na orientação do pôr do sol do solstício de inverno. Peru, Equador e Colômbia comemoram o Inti Raymi, uma festa de adoração ao deus Sol inca, Inti, que marca a chegada do solstício de inverno no hemisfério sul – e as fogueiras representavam a própria energia solar. Uma data que pouca gente se lembra por isso, mas que também marca o solstício de inverno no hemisfério norte, é o próprio Natal, símbolo máximo para muitos de nascimento, renascimento e chegada da luz. 

21/6/2020
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